Custo de vida e manutenção anual de um carro: como calcular?

O custo de vida de uma família, não importa o tamanho ou sua composição, está cada vez mais alto no Brasil. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 2022, ele subiu cerca de 72%.

A partir disso, é possível explicar tudo que envolve ter um carro e como isso impacta diretamente nos gastos e no planejamento financeiro do brasileiro. Afinal, não é só a aquisição. Além dela, é necessário, por exemplo, se o veículo for usado, consultar Renavam pela placa, pagar transferência, documentação. No caso de um carro novo, pode haver ainda o emplacamento e, claro, o consumo mensal com manutenção, combustível e revisão.

Por isso, acompanhe conosco este texto e veja como compreender a forma que um automóvel impacta no custo de vida mensal e como minimizar possíveis gastos.

Afinal, o que é o custo de vida?

Primeiramente, antes de relacionar os gastos com um veículo ao custo de vida, vamos entender sobre o conceito em questão. O custo de vida, em resumo, é a soma de tudo que você considera necessário para viver. Ou seja, não são apenas despesas mensais, mas tudo que engloba atividades, ações e um padrão que determina o seu dia a dia.

Por isso, é possível incluir dentro do conceito de custo de vida, gastos com:

  • Alimentação e habitação;
  • Equipamentos domésticos e vestuário;
  • Educação e leitura;
  • Saúde e recreação;
  • Despesas pessoais e vestuário;
  • Transporte.

E como o foco do nosso artigo são os gastos com veículo, iremos aprofundar um pouco mais sobre como o transporte pode ser um peso grande no custo de vida de uma família.

Transporte e a dúvida sobre ter ou não um carro próprio

Ainda que em algumas cidades brasileiras haja um investimento acima da média em transporte público, ter um veículo próprio ou alugado deixou, há muito tempo, de ser um luxo. Isso porque, com a necessidade de deslocamento rápido ou mesmo para emergências, o carro pode ser a melhor opção de qualquer família.

Contudo, junto à facilidade, também há os gastos e o impacto considerável dentro do custo de vida mensal. No cálculo, considera-se o combustível, reparos, documentação, pagamento de impostos, dentre outros.

Na prática, é o mesmo que, em 3 anos, ter gasto com o automóvel o valor de venda que ele tem no mercado. Ou seja, imagine que você adquiriu um carro por R$ 60 mil. Ao longo de 12 meses, terá desembolsado mais de R$ 25 mil para mantê-lo funcionando.

Então, quanto se deve ganhar para pensar em comprar um veículo?

É importante explicar que o cálculo acima, por se tratar de uma média, não corresponde a todos os perfis de proprietários de veículos. Porém, proporcionalmente, é possível afirmar que a manutenção de um veículo de uso diário, impacta entre 20% e 30% por mês do total da renda de uma família.

Em outras palavras, é mais fácil visualizar o gastos em relação ao custo de vida, da seguinte forma:

Uma família com renda familiar em torno de R$ 6 mil, poderá ter até R$ 1,8 mil de despesas com o automóvel, a cada mês. Por sua vez, uma família que ganha o dobro, pode ampliar estas despesas para até R$ 3,2 mil.

Além disso, a tendência é que famílias com ganhos maiores tenham carros mais caros ou sofisticados. Entretanto, para ambos, não extrapolar as despesas veiculares é importante para manter o equilíbrio das contas e não passar aperto antes do final do mês.

Logo, não há um valor de renda ideal para ter um carro, mas há um cálculo que pode ajudar qualquer perfil de consumidor: conseguir incluir todos os gastos com um veículo dentro do método 50-30-20. Ele funciona da seguinte forma: 50% dos ganhos vão para gastos essenciais, 30% para supérfluos e 20% para investimentos e financiamentos.

Em que tipo de gastos a manutenção e compra de um carro se insere?

A depender da utilidade do veículo para o grupo familiar, se decide em qual das porções de gastos ele está incluso. Por exemplo, se o carro possui prestações a pagar, ele pode ser responsável pelos 20% de financiamentos e usar outros 10% do gastos essenciais para o dia a dia.

Porém, se o seu carro está quitado, o ideal é inserir metade das despesas com o carro entre os 20% e distribuir o restante conforme o uso. Isso quer dizer: usa o veículo diariamente para não pagar van para os filhos ou ir ao trabalho? É essencial. Usa apenas para passeio? É supérfluo.

O que considerar no custo de vida ao comprar um carro

A regra básica é simples para essa pergunta: se seus gastos são superiores a 30%, o veículo que você possui é incompatível ao seu padrão. Por isso, a tendência é que haja impacto negativo em seu custo de vida.

E não importa se você já possua um veículo ou pretenda adquirir um, leve sempre em conta os gastos, que em geral são:

  • Na compra à vista, o valor integral do veículo;
  • Em caso de financiamento, o valor da entrada e das parcelas mensais, incluindo juros e encargos;
  • Abastecimento frequente;
  • Impostos e taxas, como por exemplo, licenciamento, IPVA, entre outros;
  • Manutenção, reparo e revisões;
  • Seguro, estacionamento e lavagem;

Por fim, há um fator chamado depreciação, que diz respeito à desvalorização do veículo ao longo dos anos. Seja pela renovação de frota ou outro motivo, isto também deve estar no impacto do custo de vida. Afinal, quanto mais antigo for o veículo, maior a chance dele precisar de reparos com menor frequência.

Dicas para reduzir o impacto no gasto veicular no custo de vida da família

Após entender como as despesas mensais de um carro se relacionam com o custo de vida mensal, elencamos algumas orientações que podem contribuir para você reduzir os gastos com seu automóvel. Veja a seguir.

  • Faça as revisões conforme o manual do veículo. Lembre-se sempre, essa é a forma de evitar gastos posteriores com problemas que poderiam ser evitados;
  • Avalie meios de transporte alternativo ou mesmo quanto custa o uso de transportes privados, metrôs, bicicletas ou veículos compartilhados, antes de optar por usar diariamente o seu carro. O meio-ambiente também agradece;
  • Economize com lavagem do veículo se puder, você mesmo, realizar o procedimento;
  • Caso não possua garagem, opte por procurar estacionamentos com cobranças de maior prazo. De modo geral, isso pode gerar maior economia do que pagamentos mensais.

Por fim, se entender que o custo de vida ficou inviável para a aquisição ou manutenção de um carro, planeje antes de comprar ou vender. Quanto melhor for a elaboração de suas finanças, mais fácil será a execução.